Quando pensamos em consumo da moda, a imagem da mulher é sempre referência de representatividade. Porém quando pensamos nos principais nomes da moda no mundo, os estilistas do sexo masculino ainda são maioria. São eles quem dominam a direção criativa das grandes marcas, mesmo que os consumidores finais sejam mulheres.
E não é só o público final das peças que, em sua maioria mulheres, é formado por mulheres, mas também quem está por traz da produção, como assistentes e costureiras. Esse cenário da moda reflete a desigualdade entre os sexos, onde os homens ocupam a maioria dos cargos de chefia e liderança, tanto na esfera pública quanto na privada.
Aos poucos essa realidade vem ganhando novos rumos e as mulheres vêm batalhando para conquistar mais espaço. Mas ainda falta um longo caminho a ser percorrido para mudar os capítulos dessa história, e escrever páginas onde as mulheres são protagonistas e mostram sua capacidade de gerir e comandar, tanto quanto os homens.
Voltando a falar de moda, os números mostram a grande diferença entre homens e mulheres. De acordo com a crítica de moda, Verena Figueiredo, o número de mulheres à frente de marcas internacionais, que desfilam nas principais semanas de moda, é apenas 25%, enquanto os homens ocupam 75% desse espaço.
A crítica de moda traz ainda outro dado, desta vez em relação a moda masculina. Cerca de 95% dos estilistas são homens. Outro dado impressionante é que, na premiação do CFDA, tipo o Oscar da moda, em 27 anos de evento, apenas sete mulheres foram premiadas na categoria Melhor Designer do Ano.
Mulheres no topo de grandes marcas
Alguns nomes femininos fazem parte da construção dessa nova história, que faz a gente vislumbrar um futuro com mais mulheres à frente de grandes marcas e com seus nomes marcados na história da moda, especialmente na criação e chefia. Essas mulheres agregam quando levantam temas importantes para a sociedade, como sustentabilidade e feminismo, por exemplo.
Nos últimos anos novos nomes femininos chegaram ao topo de marcas importantes, como Chloé, Chanel e Dior. A mais recente chefe entre elas é a uruguaia Gabriela Hearst, radicada em Nova York, que baseou sua carreira em criações ligadas sempre à sustentabilidade.
No olimpo da moda internacional, Gabriela se junta a Stella McCartney, que também tem a mesma verve artística aliada à sustentabilidade, a Donatella Versace e a Maria Grazia Chiuri, estilista da Dior. Primeira mulher em 69 anos de história da Dior a assumir o comando criativo da marca, Maria Grazia levantou a bandeira do feminismo desde o seu primeiro desfile, usando a frase da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie estampada em uma camiseta: “We Should All Be Feminists”.
Já Virginie Viard é meio rock’n’roll, meio ativista. Fiel representante da mulher parisiense, que tem pavor de parecer frívola ou burra, a estilista é do tipo que não cede a peruíces. No comando da maison desde a morte de Karl Lagerfeld, em fevereiro de 2019, traçou praticamente toda a sua trajetória profissional ali. Virginie é simplesmente a primeira mulher a comandar a marca desde a morte de Coco Chanel. Outra estilista que vem se destacando muito por exercitar um viés tecnológico é a holandesa Iris van Herpen.
Com informações da revista Marie Claire